segunda-feira, dezembro 11, 2006

O SEGREDO DE UM BOM CONDUTOR

Neste fim de semana que passou, ouvi novamente o CD Conduzir, do Duca Belintani. Sua veia para suingue com pinta tupiniquim jorra fraseados envolventes e bem diversificados. Pequenas paisagens sonoras. Embora seja bastante associado ao blues, principalmente por conta de seus livros didáticos, o guitarrista garante ser desprendido de um estilo específico. “Me agrada poder ligar o rock, o pop, a musica caribenha ou o rap”, revelou. “Vejo a minha pegada bem brasileira, em que xote, baião e afoxé estão presentes, além de blues, rock e jazz”.
Conduzir traduz de maneira amadurecida esse processo e garante boas passagens de guitarras. A equação improviso-temas preconcebidos resulta na linha principal do estilo de Duca Belintani. E é com precisão que seus fraseados são harmoniosamente costurados numa delicada colcha sonora de onze faixas. Enquanto ouvia a segunda delas, Fumaça, notei uma sutil evidência do clássico Asa Branca, do mestre Luiz Gonzaga. E aí, Duca... é isso mesmo? “Saiu sem querer, totalmente espontânea”, garante. “Numa outra música, que ficou fora do CD, o técnico de som achou o Hino Nacional e eu não tinha percebido”.
Isso deve ter acontecido porque, durante um improviso, nosso repertório de informações está fervilhando na ponta dos dedos e da palheta. O segredo está no uso das nossas influências sem comprometer a canção nem tornar o solo piegas. Exato, Duca Belintani conseguiu “conduzir” bem sua pegada (com o perdão do meu trocadilho) e o resultado ficou agradável.

1 comentário:

Anónimo disse...

Gostei bastante desse texto.. sou fã do trabalho do Duca e acho muito legal ver as pessoas o elogiando sempre construtivamente.

Valeu!